Ok, a coisa me pegou meio que desprevenido, tenho um grupo de amigos do colegial, de milnovecentos e canequinha, sabe aquela turma de amigos que você na adolescência sonhava em ver pelas costas, mas que no dia seguinte que você entra na faculdade já está morrendo de saudades? Ok, desculpem mas sou assim mesmo, descompensado por natureza.
Hoje nos falamos diariamente pela internet, meu almoços são em frente ao Mac do trabalho para poder ler as últimas fofocas.
Acho que isso nos trás de volta alguma coisa da nossa juventude, não sei bem, não me sinto mais jovem quando leio as mensagens deles, mas me sinto muito mais feliz, amizade é coisa contagiosa, é resfriado benéefico que nos enfraquece na saudade e nos fortalece na presença.
Mas voltando aos e-mails São Bentistas, esse grupo de jovens senhores, hoje empresários, escritores ou designeres como o imbecil que vos escreve, achou de colocar uma análise nas datas dos nossos aniversários, correu os mais valiosos dados de informação inutil, daquelas que não conseguimos saber qual a importância, mas que torna-se tão prestimosa para nós. Um dos nossos mais queridos amigos por exemplo faz aniversário justo no dia 9 de janeiro, mas que se comemora em 9 de janeiro? O aniversário de Richard (Dick) Nixon, e Joan Baez, quer coisa mais controversa?
Lembro agora que meu pai nasceu em 16 de Dezembro, grande coisa, para mim era, pois é também o aniversário de Ludvig Van Bethoven, de quem adoro até hoje ouvir sua música.
Mas deixando Bethoven de lado, o mais cômico ficou para o meu lado, meu aniversário é no dia 2 de Novembro, é isso mesmo, para os latinos que estiverem lendo esse blog sabe muito bem o que o 2 de Novembro significa, não é uma data para ser marcada com um "Xix" no calendário, mas com uma cruz, isso mesmo, nascí no dia 2 de Novembro de 1957, um sábado de sol na cidade do Recife, meu pai queria que eu nascesse em São Paulo, terra de gente séria e trabalhadora, minha mãe, que nascesse na Bahia, terra dos nossos ancestrais, mas de acordo com meu pai, "Baiano só não morre de preguiça por que preguiça não mata." Assim acabei nascendo em Pernambuco, terra de gente trabalhadora, desconfiada e temperramento para lá de alterado (quem passou por Recife, sabe do que eu estou falando), desse saba do crioulo doido fiquei sendo eu assim, com um pé em cada canto, como bom descendente de judeus sefaraditas, meio errante e sem terra definida, nascido no dia dos mortos, junto com justto quem? Maria Antonieta, rainha da França, quer melhor dupla?
E dessa forma sigo então pela vida, paulista de criação, baiano nas veias, recifense de nascimento, Estadunidense por opção.
Mas o mais interessante de tudo é como se pode celebrar a vida em que se lembra da morte. minhas festas de aniversário nunca foram no dia 2, sempre um dia antes ou um dia depois, mesmo minha família sendo Mórmon, achavamos melhor não cutucar o lado católico.
Meu tio Wellington Meyer, cristão novo de quatro costados, católico fervoroso sempre lembrava-se do meu aniversário, durante a missa ele resava uma Ave Maria para o sobrinho.
Acho que isso também explica muitas coisas que aconteceram comigo, minha admiração por Zé do Caixão, pelo Drácula de Christopher Lee e Bela Lugozi, ou mesmo pelos soturnos contos de Edgar Alan Poe e os poemas de Augusto dos Anjos.
Dizem os que acreditam em astrologia que seu aniversário dita a pessoa que você vai ser, sim, talvez estejam certos, errante e descabeçado, vivo admirando o mundo dos mortos, sou fascinado pelo dia que nasci justmamente por ser... o dia dos mortos.
Meu signo é o escorpião, animal venenoso ligado à morte lenta e dolorosa, meu guarda roupas tem a mais versátil seleção de roupas pretas que alguém pode usar, entretanto aqueles que me conheém sabem o quanto adoro uma boa piada ou alguma aventura mais risonha.
Agora, após colocar todas essas coisas na tela, me pergunto, o quanto tudo isso me afetou e afeta? Meu prazer em não ter lugar fixo, em trabalhar com arte comercial apesar de sonhar em pintar telas e fazer grandes ilustrações, em ser feliz no meu exilio, morrendo de saudades da minha terra, mas morrendo de preguiça de comprar uma passagem, amigo distante de colegas tão intimos.
Talvez os astrólogos tenham razão, ao nascer fui picado por um escorpião judeu, que me fez errante, e errante me acheguei nos braços de uma guerreira celta, cheia de fogo vicking, me perdi no mundo e perdido me achei, assim, não fica de todo compicado comemorarr meu nascimento justo no dia dos mortos.